Histórico
A Ordem dos Carmelitas
A Ordem dos Carmelitas teve origem no século XII, no Monte Carmelo, atual Israel, onde eremitas se estabeleceram em busca de uma vida de oração e penitência. Em 1209, esses eremitas fundaram formalmente a Ordem com a aprovação da Igreja Católica e a Regra de São Alberto, que orientava a vida comunitária baseada na oração, contemplação e serviço. A Ordem se espalhou pela Europa, tornando-se mendicante e dependente da caridade. Os Carmelitas são conhecidos pela devoção à Virgem Maria, oração profunda e serviço aos necessitados, com foco na intimidade com Deus e fraternidade.
Os Carmelitas Descalços
No século XVI, surgiu o ramo dos Carmelitas Descalços, fundado por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz, com ênfase em uma vida mais austera e contemplativa dentro da tradição carmelita. A ordem se destacou pela dedicação à oração, meditação e simplicidade, buscando uma relação mais íntima com Deus. Espalhou-se rapidamente pela Europa e, no Brasil, chegou em 1580, quando missionários desembarcaram na Bahia. A ordem se estabeleceu no contexto da colonização portuguesa, com a missão de evangelizar e formar comunidades baseadas nos princípios de seus fundadores. Ao longo do tempo, os Carmelitas Descalços se espalharam pelo Brasil, influenciando a cultura religiosa local, fundando conventos e enriquecendo a arte e a educação no país.
Província Toscana dos Camelitas Descalços – Centro Itália
A Província Toscana Centro – Itália é uma congregação religiosa, baseada nos fundamentos dos Carmelitas Descalços e com uma aspiração claramente missionária.
Desde os primeiros anos de fundação, contribuiu com vários religiosos para diversas missões no Oriente Médio e na Índia. Assim, entre 1695 e o início do século XX, trinta e um religiosos toscanos participaram dessas missões, o último deles, o Pe. Emmanuele di Gesù, que morreu em 1959 após anos de trabalho na Síria.
Durante as duas guerras mundiais, jovens da Província Toscana, movidos pela devoção missionária, como os padres Inácio de Santa Teresa e Pier Tommaso da Virgem do Carmo, partiram para a Índia. No entanto, a eclosão da Segunda Guerra Mundial interrompeu esse trabalho missionário, e eles foram detidos em campos de concentração até serem libertados em 1946. Após a guerra, outros missionários (Padre Tomás e Padre Elias) embarcaram para a China. No entanto, a Guerra Civil Chinesa e a proclamação da República Popular da China em 1949 impediram a continuidade dessa missão. Padre Tomás foi forçado a se refugiar em Macau e, posteriormente, nas Filipinas. Já o padre Elias foi forçado a retornar à Itália em 1951, após sofrer restrições e perseguições. Mesmo com esses desafios, a determinação missionária da Provínica Toscana só aumentou e ampliou seus horizontes expandindo-se para outros continentes, especialmente o americano, onde o Brasil se mostrou uma ótima opção para construção de novas fundações.
Província Toscana dos Camelitas Descalços – Centro Itália
No Brasil, a Provínica Toscana chegou em meados de 1951 com os Padres Arcangelo Ruzzi e Ignazio Verona que se estabeleceram na cidade de Caratinga- MG. Após dez longos anos de espera, foi-lhes confiada uma paróquia numa zona periférica da cidade, chamada Esplanada, e os cuidados de outras duas com suas capelas espalhadas no interior. A comunidade, acrescida de outros membros vindos da Itália, dedicou-se ao cuidado pastoral dos fiéis a ela confiados e, ao mesmo tempo, empreendeu algumas atividades para tornar sua presença mais viva e eficaz, como: a construção de uma igreja, de um pequeno convento e de um instituto de artes e ofícios. Em 1º de janeiro de 1964, o convento tornou-se casa de formação para aspirantes, para estudantes em 1970 e em sede do noviciado em 1974.
Em 1969, a convite do Bispo de Campos, a Província Toscana se estendeu para Campos – RJ, acolhendo a paróquia de S. João da Barra. Posteriormente, os padres, com a autorização do Bispo, em 8 de dezembro de 1969, transferiram a sede central da paróquia para Travessão de Campos. Em outubro de 1972, eles compraram um terreno nos arredores da vila e construíram um convento e uma igreja dedicada ao Santo Menino de Praga.
A Província Toscana dos Carmelitas Descalços na Paraíba
Em busca de uma diocese para fazer uma nova fundação, em 1985 a Provínica Toscana chegou à Paraíba, onde seus religiosos foram recebidos pelo Arcebispo Dom José Maria Pires, que em 20 de fevereiro de 1986 deu seu aval ao projeto e ditou uma espécie de roteiro, no qual o convento deveria ser erguido na cidade de Lucena, próximo ao Santuário de Nossa Senhora da Guia.
Os missionários dessa missão passariam três meses em João Pessoa para se aprofundarem na realidade local, conhecerem a situação religiosa e o plano pastoral da diocese. Para tanto, exerceram seu ministério tanto na paróquia de Santa Júlia quanto no santuário de Nossa Senhora da Guia, auxiliando os peregrinos que ali apareciam em grande número. Só em 1991, se estabeleceram integralmente em Lucena, indo residir numa casa em um terreno doado por um benfeitor.
Porém, em 1997 a comunidade se dissolveu, um religioso retornou à Itália e o outro permaneceu no convento, fundando a Provínica Toscana da Ordem dos Carmelitas Descalços – PTOCD – Brasil, uma associação filantrópica com o intuito de reformar a Igreja do Santuário de Nossa Senhora da Guia. Esse religioso chamava-se Frei Riccardo da Mãe de Deus (Vezzio Cipriano Ferrari), e durante o período de reforma do santuário, observava as crianças da comunidade e percebia a vulnerabilidade social alí presente. Dessa percepção, surgiu o desejo de fazer algo em prol daqueles pequenos e assim, em parceria com Dr. Cláudio Romero Regis de Freitas que lhe cedeu dez terrenos, aproveitou a PTOCD já regularizada e construiu uma unidade de ensino.